A logística é um dos pilares que sustentam o agronegócio brasileiro, informa o empresário e fundador Aldo Vendramin, isso porque com produção distribuída por todo o território nacional e exportações que abastecem diversos continentes, a fluidez no transporte e o escoamento da produção são determinantes para competitividade, custos e prazos. No entanto, a mobilidade urbana, muitas vezes tratada apenas como um tema das grandes cidades, exerce influência direta sobre a cadeia logística e, consequentemente, sobre os resultados do setor. Para Aldo Vendramin, compreender essa relação é fundamental para identificar oportunidades, evitar perdas e planejar de forma eficiente.
Neste artigo conceituamos como a mobilidade urbana interfere no agronegócio e por que esse tema deixou de ser apenas urbano para se tornar estratégico.
A mobilidade urbana começa fora das cidades
Embora o termo mobilidade urbana esteja associado ao fluxo de pessoas, transporte público e tráfego nos centros urbanos, o deslocamento de mercadorias faz parte da mesma infraestrutura. Rodovias, pontes, corredores de tráfego, acessos a portos e ferrovias são utilizados tanto por veículos particulares quanto por caminhões de carga.
O Brasil depende majoritariamente do transporte rodoviário. Isso significa que gargalos urbanos se transformam em gargalos logísticos, aumentando o tempo de viagem, o consumo de combustível e o risco de perdas. Nas regiões metropolitanas, onde o fluxo é intenso, esse impacto é ainda mais perceptível.

Segundo o senhor Aldo Vendramin, a mobilidade urbana é também uma questão agrícola e industrial, afetando prazos, custos e previsibilidade, três elementos essenciais na operação logística.
O custo do tempo no transporte
Cada minuto adicional em um trajeto representa custos operacionais: combustível, desgaste do veículo, horas de trabalho, manutenção e seguro. Em um setor em que a margem depende de planejamento e eficiência, a dilatação do tempo se traduz em redução de competitividade.
A previsibilidade de prazos afeta acordos nacionais e internacionais, isso porque, atrasos recorrentes podem gerar perda de contratos, multas e ruptura de confiança com o comprador. O tempo, em logística, é moeda de valor.
Além disso, produtos perecíveis, como frutas, flores, proteína animal e hortaliças, sofrem diretamente com atrasos. Perdas físicas representam prejuízo imediato e influência no preço final ao consumidor.
A influência da urbanização e da expansão das cidades
A expansão urbana sem planejamento desafia o fluxo logístico. Bairros residenciais construídos próximos a corredores industriais, falta de vias alternativas e ausência de mobilidade inteligente resultam em conflito permanente entre o tráfego da cidade e o trânsito de cargas.
Com o crescimento populacional, o debate se intensifica: como equilibrar a qualidade de vida urbana com a necessidade de abastecimento? A resposta passa por planejamento integrado. Investimentos em anéis viários, rotas alternativas, plataformas intermodais e tecnologias de monitoramento contribuem para separar fluxos e reduzir impactos.
Conforme analisa Aldo Vendramin, o futuro da logística depende da capacidade de conectar produção, armazenamento e distribuição sem colapsar centros urbanos.
Tecnologia como aliada da mobilidade e logística
Sistemas de roteirização, inteligência artificial, monitoramento remoto, sensores embarcados e gestão integrada de frota têm revolucionado o setor. A tecnologia oferece previsibilidade, reduz riscos e permite correções em tempo real.
O uso de dados na logística proporciona:
- Antecipação de gargalos
- Redução de custos operacionais
- Monitoramento do transporte
- Melhor planejamento de cargas
- Tomada de decisões mais rápida
Esses avanços tornam as operações mais sustentáveis e menos dependentes de improviso. Ao implementar soluções tecnológicas, empresas conseguem planejar horários de circulação, evitar picos de tráfego e reduzir o impacto da mobilidade urbana em seus processos.
Por que o debate de mobilidade urbana precisa incluir o agronegócio?
A logística do agronegócio movimenta cidades. O fluxo de caminhões, equipamentos e insumos é parte da economia urbana, e sua eficiência sustenta empregos, renda e produção. Quando esse fluxo é prejudicado, os efeitos são sentidos nos preços, na disponibilidade de produtos e no desempenho do setor.
A discussão sobre mobilidade urbana precisa ser ampliada para políticas integradas — que considerem o abastecimento como serviço essencial. O diálogo entre setor público, empresas, entidades e sociedade é indispensável para construir soluções que atendam a todos os segmentos.
Aldo Vendramin considera que o futuro da mobilidade urbana está diretamente ligado à eficiência logística. E a eficiência logística é um dos pilares que sustentam a competitividade do agronegócio brasileiro.
Mobilidade como estratégia de desenvolvimento
Mobilidade urbana e logística não são temas isolados, são parte da mesma engrenagem econômica. A capacidade de circular, transportar e entregar define o ritmo e o custo da cadeia produtiva. Cidades integradas à logística crescem com mais equilíbrio, atraem investimentos e oferecem melhor qualidade de vida.
O agronegócio depende de estradas, pessoas e tecnologia. E o Brasil depende de um agronegócio forte para se manter competitivo e relevante no cenário global.
Assim como pontua Aldo Vendramin, planejar mobilidade é planejar desenvolvimento. É entender que o trânsito das cidades e o tráfego das cargas são movimentos paralelos que constroem o resultado econômico de um país que precisa transportar o que produz.
Autor: Anahid Velazquez

