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O Desafio da Expansão do Mercado Aéreo Brasileiro: O Que Está Impedindo o Crescimento Sustentável

O mercado aéreo brasileiro se destaca como o quinto maior do mundo em termos de tráfego doméstico. Em julho de 2025, o país registrou um recorde histórico ao transportar 11,6 milhões de passageiros em um único mês. Entretanto, apesar desse aumento na demanda, a capacidade de assentos ofertados pelas companhias aéreas permanece estagnada, situando-se 9% abaixo do pico alcançado em 2015. Esse cenário levanta questões sobre os fatores que limitam o crescimento sustentável do setor aéreo nacional.

Um estudo realizado pela OAG identificou três principais fatores que contribuem para essa estagnação: a maturidade do mercado de serviços aéreos, o crescimento econômico lento do Brasil e as altas barreiras de entrada para novas companhias aéreas. Esses elementos combinados resultam em um ambiente desafiador para a expansão da capacidade aérea doméstica.

Embora a população brasileira seja de aproximadamente 212 milhões de pessoas, com uma propensão estimada a voar de 0,5, ainda há espaço para crescimento nas viagens aéreas internas. No entanto, comparado a países como os Estados Unidos, com uma população de 330 milhões e uma propensão a voar superior a 2,5, o Brasil apresenta um potencial de expansão mais limitado. Além disso, o PIB per capita brasileiro é significativamente inferior ao dos EUA, o que impacta diretamente na demanda por serviços aéreos.

A distribuição da capacidade aérea doméstica no Brasil é relativamente equilibrada entre as três principais companhias aéreas: Latam, Gol e Azul. A Latam lidera com 38% dos assentos, seguida pela Gol com 32% e pela Azul com 30%. Essa concentração de mercado pode indicar uma saturação das principais rotas, dificultando a introdução de novas ofertas ou a expansão das existentes.

A rota entre São Paulo/Congonhas e Rio de Janeiro/Santos Dumont é um exemplo claro dessa saturação, sendo a mais movimentada do país com uma média de 51 voos diários em julho. Esse alto volume de operações diárias reflete a intensa competição e a limitação de espaço para crescimento adicional nessa rota específica.

Além das questões estruturais e econômicas, o setor aéreo brasileiro enfrenta desafios relacionados à infraestrutura aeroportuária. A falta de investimentos significativos em modernização e expansão de aeroportos pode limitar a capacidade de acomodar um número maior de voos e passageiros, restringindo o potencial de crescimento do mercado.

Para superar esses obstáculos, é essencial que o governo e as empresas do setor aéreo colaborem na implementação de políticas públicas que incentivem o investimento em infraestrutura, a redução das barreiras de entrada para novas companhias e o estímulo ao crescimento econômico sustentável. Somente por meio de ações coordenadas será possível desbloquear o potencial de crescimento do mercado aéreo brasileiro.

Em conclusão, embora o Brasil seja um dos principais mercados aéreos domésticos do mundo, a estagnação da capacidade de assentos e os desafios estruturais e econômicos enfrentados pelo setor indicam a necessidade urgente de reformas e investimentos estratégicos. Com uma abordagem integrada e focada no desenvolvimento sustentável, é possível impulsionar o crescimento do mercado aéreo nacional e atender à crescente demanda por serviços aéreos de qualidade.

Autor: Anahid Velazquez